CRÔNICA
A PLANEAÇÃO DE UM CACHORRO
Saía do trabalho por volta das 22h, a
avenida com pouca iluminação e totalmente deserta, podia observar o velocímetro
do carro, marcando 20 km por hora, não andei muito e já estava na rua de minha
casa, dela podia ver a claridade dos relâmpagos que cortava o céu e mostrá-la
totalmente clara, o meu semblante demonstrava cansaço, porém o contentamento
era transparente ao pensar em meu simples e aconchegante quarto em minha casa,
toda arrumada para alguém que vai dormir, já que encontraria da mesma forma que
deixei pela manhã quando saí para o trabalho. Ao virar o volante lentamente do
carro, buscando o desvio da calçada que direciona à garagem, desviei o olhar
para um depósito de gás recém-inaugurado aqui na minha cidade, esse com um muro
não muito alto o separa de meu quintal e por segundos percebi que Ponte Branca
evoluiu em relação ao tempo que aqui cheguei, neste momento voltei à realidade
deparada com um cachorro que ali faz a vigilância, fitei firmemente o animal
que me respondeu ladrando fortemente, furioso com a gana de colocar suas garras
em mim, ele avançou à grade de aço que nos separava além do carro claro e podia
notar sua decepção, aliviada desviei o olhar segui estacionando o carro, abri
minha casa, adentrei o corredor que me levava até meus aposentos. Era uma noite
de quarta-feira que para meu desespero estava apenas começando, eu sempre
chamada boa de cama pois sempre adorei dormir muito, estava prestes a passar
uma das piores noites da minha vida, ouvia angustiante o tic tac do relógio,
aquele cachorro que encontrara ao chegar em minha casa tornou a minha noite um
inferno pois latia e uivava incansavelmente que me fez ouvir seus pensamentos.
( voz firme e grossa) “ Hoje você não vai usufruir dessa sua caminha, eu passo
noites e noites acordado, desejo ardentemente que passe sua noite como eu, com
os olhos bem abertos, atento a tudo que se passe a sua volta”. Ao viajar
mergulha nas imaginações desse cachorro que já conhecia bem minha janela, pude
voltar à dura realidade com o ardente som do despertador que penetrou fundo aos
meus ouvidos e percebi que amanhecera, me levantei mais cansada do que quando
havia chegado na noite anterior, tomei um banho e saí para enfrentar mais um
dia de trabalho, mesmo após o banho sentia meus olhos ofuscando areia e saí com
o rosto ainda todo amarrotado.
autora: Sandra Regina Monteiro Mendonça
autora: Sandra Regina Monteiro Mendonça
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